Estudo desvenda como o câncer de pâncreas se desenvolve no corpo humano
O câncer de pâncreas tem uma alta taxa de mortalidade devido ao diagnóstico tardio e ao comportamento agressivo nos estágios mais avançados
atualizado
Compartilhar notícia

Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, nos Estados Unidos, deram um o importante para entender o desenvolvimento dos tumores no pâncreas durante a transição das células pancreáticas normais para células pré-cancerosas, e a mudança de células pré-cancerosas para cancerosas.
É a primeira vez que essas transições foram mapeadas com tamanho detalhamento em tumores humanos. Entender esses processos, de acordo com os cientistas, ajuda a compreender a resistência de alguns pacientes aos tratamentos e pode contribuir com o desenvolvimento de novas abordagens contra a doença.
“O câncer de pâncreas é tão difícil de tratar e, para desenvolver melhores tratamentos, precisamos entender como as células normais e saudáveis do pâncreas se transformam em cancerosas”, disse a coautora do estudo e professora de genética, Li Ding.
Em um artigo publicado nessa segunda-feira (22/8) na revista Nature Genetics, os cientistas detalham como foi o estudo que analisou 83 amostras de tumores pancreáticos de 31 pacientes. Foi observada a genética e a fabricação de proteínas por esses cânceres para determinar as características das células durante as transições.
Os pesquisadores contam que a ciência já produziu muitas fotografias desses tumores, mas era necessário um filme contínuo para ver exatamente como se formam e se desenvolvem. Foram encontrados dois pontos de transição, e os cientistas criaram um mapa definindo as características das células em cada um dos momentos.
No futuro, eles pretendem definir também o momento em que o tumor começa a sair do órgão, se tornando uma doença metastática.
O câncer de pâncreas tem uma alta taxa de mortalidade devido ao diagnóstico tardio e ao comportamento agressivo nas fases mais avançadas. No Brasil, ele é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes causadas pela doença, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Resistência ao tratamento
Li fez descobertas importantes também sobre os tratamentos. A pesquisadora encontrou uma nova combinação de moléculas que poderiam ser úteis no direcionamento de células T (de defesa) para células tumorais pancreáticas. A abordagem “tiraria os freios” das células T para matar o tumor.
“As moléculas de superfície que fazem os inibidores tradicionais da imunoterapia funcionarem em outros cânceres estão simplesmente ausentes em tumores pancreáticos”, escreveu.
“Basicamente, encontramos uma interação paralela usando duas moléculas diferentes que estão presentes no câncer de pâncreas. Estamos empolgados com a perspectiva de explorar essa interação como forma de desenvolver um novo tipo de imunoterapia de checkpoint para esse tipo de tumor”, continuou.
A cientista também observou que um aumento das células inflamatórias ao redor do tumor, os fibroblastos inflamatórios, está fortemente ligado à resistência à quimioterapia. A descoberta sugere que uma terapia para redirecioná-los pode ser uma solução para esses pacientes.
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta ar o canal: https://t.me/metropolesurgente.