Dólar cai ao menor patamar desde outubro com conversa de Trump e Xi
Moeda americana fechou com recuo de 1,05%, cotada a R$ 5,58. O Ibovespa também registrou queda. Ela foi de 0,58%, a 136.236 pontos
atualizado
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O dólar à vista registrou forte queda nesta quinta-feira (5/6), atingindo a menor cotação desde outubro de 2024. A moeda americana encerrou a sessão com recuo de 1,05%, a R$ 5,58. Já o Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), depois de ter oscilado durante toda a manhã, não conseguiu avançar no pregão. Ele fechou em baixa de 0,58%, aos 136.236 pontos.
O dólar também caiu no mercado global. Às 16h30, o índice DXY, que mede o peso da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas de países desenvolvidos, apresentava pequeno recuo de 0,08%. Ele baixava ainda em relação a emergentes, caso do peso mexicano (-0,13%) e do colombiano (-0,34%).
A moeda americana vem perdendo força ao longo do ano, como resultado de um conjunto de fatores, tanto conjunturais como estruturais. Ela está sendo afetada pelo fraco desempenho da economia, pelos desdobramentos da guerra comercial decretada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e por crescentes dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida pública americana. Considerado o fechamento desta quinta-feira, o dólar caiu 9,62% em relação ao real neste ano, por exemplo.
No capítulo conflito comercial, Trump afirmou nesta quinta-feira que teve uma “conversa telefônica muito boa” com o presidente da China, Xi Jinping, sobre um possível acordo comercial entre os dois países. O diálogo teria durado cerca de uma hora e meia. A perspectiva de entendimento entre os líderes das maiores potências globais teve repercussão positiva nos mercados.
Para Paula Zogbi, da fintech Nomad, as moedas de países emergentes e ligados a commodities são “especialmente beneficiadas” pelo possível entendimento entre Trump e Xi Jinping. “Isso pela forte exposição à economia chinesa dessas economias”, diz. “E o fluxo de entrada no Brasil se apoia na expectativa em torno de medidas fiscais estruturais nos próximos dias, em substituição às mudanças do IOF.”
Ainda no cenário internacional, os investidores acompanharam o corte de 0,25 ponto percentual dos juros, promovido pelo Banco Central Europeu (BCE). Na região do bloco, a taxa ou de 2,25% para 2% ao ano.
Ibovespa
Na avaliação de Alexsandro Nishimura, economista e sócio da fintech Nomos, o Ibovespa alternou entre altas e baixas na parte da manhã, mas não resistiu a partir do meio da tarde. “O índice foi pressionado por incertezas fiscais internas e pela cautela com o payroll (dados sobre o mercado de trabalho) dos EUA, que será divulgado amanhã (sexta-feira)”, diz.
Nishimura observa que, apesar da melhora de humor no exterior, que ocorreu com o corte de juros pelo BCE e a conversa entre Trump e Xi Jinping, o “índice foi contido pela fraqueza dos bancos e volatilidade no petróleo”. Ele acrescenta: “O avanço das ações da Vale, Suzano e Gerdau compensou parcialmente essa queda”.