Área técnica do Cade indica aprovação da fusão entre Marfrig e BRF
Se, dentro dos próximos 15 dias, a aprovação não for contestada por nenhum dos conselheiros do Cade, ela será sacramentada
atualizado
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A área técnica do Conselho istrativo de Defesa Econômica (Cade) indicou a aprovação, sem restrições, da fusão entre Marfrig e BRF, dois gigantes do agronegócio brasileiro.
A indicação da aprovação consta de um parecer da Superintendência Geral do Cade, que está disponibilizado no processo que trata da análise da fusão.
Se, dentro dos próximos 15 dias, a aprovação não for contestada por nenhum dos conselheiros do Cade, ela será sacramentada.
O que diz o Cade
De acordo com a área técnica do órgão regulatório, a participação conjunta de Marfrig e BRF nos mercados com sobreposição horizontal (em um mesmo segmento) ficaria abaixo de 20% – percentual a partir do qual se considera uma posição dominante – ou acima de 20%, mas abaixo de 50%.
Isso significa, no entendimento do Cade, que não há maiores riscos de um eventual exercício de poder dominante de mercado pelo comprador.
Ainda segundo os técnicos do Cade, a concentração ficaria abaixo de 30% em cadeia (mercados verticalmente integrados), o que afasta a possibilidade de haver prejuízos ao ambiente de concorrência.
A fusão
Marfrig e BRF movimentaram o mercado ao anunciar a fusão de seus negócios, no dia 15 de maio, o que deu origem a um gigante com uma receita líquida consolidada de R$ 152 bilhões nos últimos 12 meses.
Com o nome MBRF Global Foods Company, a nova companhia será detentora de todas as marcas das duas empresas. A Marfrig, segunda maior produtora de carne bovina do mundo e líder na produção de hambúrgueres, propôs a incorporação da totalidade das ações de emissão da BRF, especializada em aves e dona da Sadia e da Perdigão.
A fusão ocorrerá por meio de troca de ações da BRF por papéis da Marfrig, que hoje é a maior sócia da companhia, detendo o controle com 50,49% de participação. Acionistas da BRF vão receber papéis da Marfrig e se tornarão sócios da MBRF Global Foods Company.
A relação de troca prevista na operação é de 0,8521 ação da Marfrig para cada papel da BRF. Ou seja: um investidor que possui 100 ações da BRF terá cerca de 85 papéis da Marfrig depois da conclusão do negócio.
Os acionistas da BRF e da Marfrig devem ser beneficiados com um pagamento significativo de proventos. A BRF vai distribuir até R$ 3,52 bilhões, e a Marfrig, R$ 2,5 bilhões.
Em relação às receitas e custos, a estimativa é alcançar R$ 485 milhões por ano, com expectativa de redução de despesas de R$ 320 milhões anuais.
Caso a fusão seja aprovada pelo Cade, a nova empresa deve tentar fazer a listagem de suas ações nos Estados Unidos, segundo executivos de Marfrig e BRF. A Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), que conta com cerca de 6% do capital da BRF, e o Salic, o fundo soberano da Arábia Saudita, com 11%, apoiam a transação.
A união entre Marfrig e BRF talvez seja a mais expressiva de uma série recente de fusões do agronegócio, setor que tem impulsionado a economia brasileira nos últimos anos.
Em 2024, houve um aumento de 140% na quantidade de fusões e aquisições no agro, de acordo com dados da KPMG. No ano ado, foram concluídas 12 operações, ante 5 em 2023 e 11 em 2022.