Tio de vendedor morto após ser imobilizado em colégio pede “a verdade”
Segundo Sindicato dos Vigilantes, porteiros que atuaram no caso são “seguranças clandestinos”. Entidade comunicou o caso à PF
atualizado
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O Sindicato dos Vigilantes do Distrito Federal esteve, nesta quinta-feira (22/2), no Colégio Madre Teresa, em Taguatinga Norte. E, segundo disse, os porteiros que imobilizaram o vendedor Francisco Garcia Souza, 40 anos, fazem trabalho “clandestino” de segurança. Francisco morreu após a ação ocorrida na noite de segunda-feira (19) dentro da instituição de ensino. O corpo dele foi enterrado esta tarde, no Cemitério Campo da Esperança de Taguatinga.
Em áudio, o deputado distrital Chico Vigilante (PT) disse que o sindicato já acionou a Polícia Federal para investigar a “irregularidade”. “O colégio contratou porteiros para fazer trabalho de segurança. Não pode. São clandestinos”, disse o parlamentar. De acordo com o diretor de Comunicação da entidade, Gilmar Rodrigues, um dos funcionários que participou da ação trabalhava nesta quinta-feira, normalmente.Indagado, o colégio disse não ter seguranças, mas, sim, porteiros. Ainda, conforme a instituição informou, Francisco invadiu a escola e não pediu socorro, ao contrário do que disseram testemunhas. O Madre Teresa encaminhou imagens do circuito interno de segurança que mostram o homem entrando desnorteado, sem ferimentos aparentes, e batendo a porta no trabalhador que estava na entrada principal. E teria sido imobilizado depois de reagir.
Antes disso, em vídeos gravados e divulgados nas redes sociais, é possível ver Francisco cambaleando na rua, próximo ao colégio. Em outros, já aparece ensanguentado no chão da escola, subjugado por um funcionário da instituição de ensino. Desesperados, estudantes fizeram manobras de reanimação antes da chegada dos bombeiros.
Segundo os militares, quando eles chegaram ao local, Francisco tinha sofrido uma parada cardiorrespiratória. Apesar das tentativas de reanimação, morreu dentro do colégio. Sobram dor e incertezas para familiares e amigos, que prestaram suas últimas homenagens ao vendedor na tarde desta quinta-feira.
Tio de Francisco, o também vendedor Alberi Garcia (foto em destaque), 49 anos, afirma que, até o fim da tarde de hoje, a escola não havia entrado em contato com a família, apesar de o porteiro, o qual joga futebol com ele, ter o número do seu telefone. “A gente quer saber o que houve, a verdade, porque não foi morte natural, como os bombeiros disseram. Eu peguei o laudo do IML, e o documento mostra que Francisco foi vítima de morte violenta e teve até uma perfuração torácica”, afirmou.
O primo de Francisco, o motorista Andy Queiroz Garcia, 24, garante que foi o primeiro a chegar ao local. “Tentavam reanimá-lo. Os bombeiros já estavam lá também”, contou. De acordo com Andy, foram três viaturas no local, mas apenas a terceira estava preparada para socorrer Francisco. “Uma funcionária da escola disse que houve negligência em todo o desenrolar do caso”, afirmou.
Ainda segundo Andy, o local foi limpo antes de o corpo ser removido. “Quando meu primo deu o último suspiro, eles já começaram a limpar”, garantiu. Em nota, o colégio informou que está à disposição para prestar apoio aos familiares e às autoridades. O caso está com a 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte). Em meio à greve dos policiais civis, a Divisão de Comunicação Social da corporação informou não haver novidades sobre a morte de Francisco, que deixa uma filha de 19 anos.