Financeira ligada a “advogado do além” é alvo de operação por fraude
O esquema liderado pelo advogado envolve representantes de uma empresa que abordam pessoas em situação de vulnerabilidade
atualizado
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A Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS), por meio da 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, deflagrou a segunda fase da Operação Malus Doctor contra grupo criminoso responsável por fraudes processuais em instituições financeiras e golpes em pessoas idosas. A ação ocorreu nessa terça-feira (3/6). O grupo é ligado ao advogado Daniel Nardon (foto em destaque), o “advogado do além” que construiu uma vida de luxo às custas de aposentados, servidores públicos e até pessoas mortas ou em estado vegetativo.
Foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão mirando alvos que se relacionavam especialmente a uma financeira responsável tanto pela fase captação de novos clientes e potenciais vítimas, quanto pela realização de empréstimos consignados e recebimento de valores das vítimas, que acreditavam ser beneficiadas com as decisões judiciais.
Nos endereços, foram apreendidos documentos, celulares e computadores cuja análise servirá na instrução da investigação do esquema criminoso.
Primeira fase
Na primeira fase da operação, as investigações revelaram um sofisticado esquema que ajuizou mais de 145 mil ações judiciais, potencialmente fraudulentas, 112 mil somente no Rio Grande do Sul e cerca de 30 mil em São Paulo.
O principal advogado investigado e líder do grupo, identificado como Daniel Nardon, é responsável por aproximadamente 47% de todas as ações movidas contra instituições bancárias no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, o quinto maior litigante do TJRS.
O esquema envolve representantes de uma empresa que abordam pessoas em situação de vulnerabilidade com promessas de revisar judicialmente cobranças abusivas em empréstimos consignados, mediante honorários de 30% sobre os valores “recuperados”.
Após obter os documentos dos clientes, o advogado investigado ajuizava ações revisionais contra instituições financeiras. Posteriormente, os clientes recebiam valores em suas contas e, acreditando serem decorrentes das ações, reavam parte à empresa.
No entanto, os depósitos eram oriundos de novos empréstimos contratados sem o consentimento dos titulares. Ao perceberem descontos indevidos em seus benefícios previdenciários, as vítimas constatavam a fraude e não conseguiam mais contato com a empresa.
Prisão
Nardon foi preso em Dourados, município do Mato Grosso do Sul (MS), em 15 de maio deste ano após ficar foragido por oito dias. Informações preliminares apontavam que o investigado estava no estado de São Paulo no dia da operação. A partir de diligências investigativas, a Polícia Civil identificou que ele ou pelo litoral paulista e, em seguida, deslocou-se para o estado do Mato Grosso, onde possui vínculos familiares.
Com base nas informações levantadas, uma equipe da 2ª Delegacia de Polícia Distrital de Porto Alegre deslocou-se até o estado e, com o apoio da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Barra do Garças (MT), apurou que o foragido havia seguido viagem em direção ao Mato Grosso do Sul.
Ele foi localizado quando seguia rumo á Ponta Porã, município que faz divisa com o Paraguai. A ação contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF).