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A publicidade das bets: o desejo embalado em promessa

Ao questionar os limites éticos da propaganda, revela-se que o verdadeiro problema não está apenas no jogo

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Apostar é verbo curto, mas carrega um abismo. Não é apenas um gesto — é um salto. Um pulo sobre o vão da incerteza, como quem diz ao universo: “confio mais no acaso do que no meu salário”. E, nesse espaço entre o querer e o ter, a publicidade das bets estica a corda. Ela não vende um jogo. Vende a chance de ser exceção.

Porque a lógica da aposta é a mesma do velho sonho brasileiro: a ideia de que o caminho mais curto pode, sim, ser o melhor. Que o atalho é destino. E que o futuro está a um clique, não a um esforço. As campanhas dessas empresas não vendem estatísticas — vendem esperança. Não comunicam probabilidades — comunicam milagres embalados em neon.

Como bem diria Mário Sérgio Cortella, “não nascemos prontos, ficamos prontos”. Mas a publicidade das bets promete o contrário: que podemos ficar prontos sem processo, sem demora, sem tropeço. Que o dinheiro pode vir rápido, limpo, fácil — mesmo quando sabemos, no fundo, que cada clique aproxima mais do fundo.

A discussão no Senado sobre restringir ou regular essa publicidade é, por isso, maior do que aparenta. Não é só uma questão legal ou econômica. É uma questão ética. É perguntar: até onde uma mensagem pode seduzir sem manipular? Até onde o mercado pode explorar o desejo antes de transformá-lo em vício?

Nizan Guanaes disse uma vez: “Publicidade não é arte, é responsabilidade”. E aqui está o dilema: as bets criaram campanhas geniais, memoráveis, eficientes — mas que talvez sejam tudo isso porque falam diretamente ao emocional mais frágil. Não à razão, mas à carência. Não à consciência, mas à ilusão.

As peças publicitárias dessas empresas não mostram o homem que perdeu a casa, o filho que pediu comida, a mulher que chora no banheiro escondida do marido endividado. Mostram rostos vitoriosos, festas, carrões, pulos de alegria. Mas a realidade, quando o anúncio desliga, é mais próxima do boleto do que da BMW.

Restringir a publicidade? Pode ser um começo. Mas, como diria Cortella, “não basta proibir o mal; é preciso promover o bem”. Proibir o anúncio não resolve a dor que leva alguém a apostar. Proibir o banner não fecha o buraco emocional que transforma uma aposta em anestesia.

O marketing das bets soube ler o Brasil: um país onde o futuro virou aposta, porque o presente já não oferece promessa. Onde a única saída possível parece vir do improvável. Onde a esperança foi terceirizada ao acaso.

E, talvez, antes de restringir a comunicação, precisemos reformular a mensagem que este país entrega todos os dias: a de que o sucesso é loteria, e não construção. Que o mérito depende da sorte, e não da luta. Porque enquanto vendermos o sonho do atalho, sempre haverá quem venda a ilusão do ganho fácil.

A publicidade das bets não nasce no mercado publicitário. Ela nasce na ferida social de um Brasil desigual, endividado, exausto. Ela floresce onde a desesperança já construiu casa.

Por isso, antes de silenciar os anúncios, talvez precisemos perguntar: por que eles funcionam tanto?

Porque, no fundo, o problema nunca foi o jogo. O problema é o vazio que faz alguém apostar.

Lucas Dalfrancis é CEO da Notório.

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