INSS: entidades de Sergipe pagaram R$ 50 mi para operador financeiro
Pessoas ligadas a duas entidades em Sergipe são alvos de nova fase da operação Sem Desconto. PF busca bens desviados de aposentados do INSS
atualizado
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A nova fase da operação Sem Desconto tem como alvo pessoas ligadas a duas entidades de Sergipe que rearam cerca de R$ 50 milhões para uma empresa apontada pela Polícia Federal como “operador financeiro” do esquema de descontos irregulares de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). A farra do INSS foi revelada pelo Metrópoles.
Como mostrou a coluna, a PF cumpre nesta quarta-feira (4/6) dois mandados de busca e apreensão em Sergipe para avançar na investigação sobre a farra do INSS.
Os mandados são cumpridos nas cidades de Indiaroba (SE) e Umbaúba (SE). “As ordens judiciais têm como objetivo a arrecadação de bens de valor vinculados aos investigados no esquema de descontos indevidos aplicados sobre benefícios do INSS, buscando a recomposição do erário público e a redução dos prejuízos causados pelos autores”, diz a PF.
Os alvos de buscas são ligados a duas entidades: a Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (APDAP PREV) e a Universo Associação dos Aposentados e Pensionistas dos Regimes Geral da Previdência Social (AAPPS Universo).
As entidades já haviam sido alvos da primeira fase da operação Sem Desconto, quando alguns de seus diretores foram presos.
A APDAP PREV e AAPPS Universo aparecem reando valores para o Instituto Guadalupe, que realizou rees a pelo menos duas pessoas ligadas ao INSS. A primeira reou R$ 23,3 milhões ao Instituto Guadalupe, já a Universo aparece remetendo R$ 24,3 milhões.

“Tais movimentações mostraram a função de operador financeiro do esquema exercido pelo Instituto Guadalupe, situando-se como intermediário entre as associações e os beneficiários finais da empreitada criminosa”, diz a PF.
Segundo a PF, o Instituto recebeu R$ 49, 6 milhões diretamente das entidades e enviou R$ 42 mihões “pessoas físicas e jurídicas relacionadas aos intermediários que rearam valores aos servidores do INSS”.
Após receber esses valores, diz a PF, o Instituto reou parte deles a outras empresas que, em seguida, fizeram rees para uma uma firma ligada a esposa de Virgilio Oliveira Filho, ex-procurador do INSS, e para um escritório de advocacia ligada a Eric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis.

Fidelis foi demitido da direção de Benefícios após o Metrópoles revelar a farra do INSS.
O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação de 29 entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto elas respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela PF e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.