Leo Lins pode evitar a prisão e responder em liberdade; entenda como
O humorista foi condenado a 8 anos e três meses em regime fechado por piadas consideradas preconceituosas em seu show
atualizado
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O humorista Leo Lins foi condenado a oito anos e três meses de prisão em regime fechado por piadas consideradas preconceituosas em seu show “perturbador”, conforme decisão da Justiça Federal de São Paulo. A sentença também inclui multa e indenização por danos morais coletivos.
Os advogados de defesa de Léo Lins anunciaram que irão recorrer da decisão, argumentando que ela representa um ataque à liberdade de expressão. Segundo o advogado Tiago Juvêncio, o réu pode evitar a prisão e responder ao processo em liberdade.
Entenda todas as possibilidades de Leo Lins
- Recurso: recorrer a outras instâncias, mantendo-se em liberdade durante o processo.
- Liberdade de expressão: defender que as piadas estão protegidas pela Constituição (art. 5º, IX) e precedentes do STF.
- Habeas Corpus: impetrar, em caso de prisão, questionando constrangimento ilegal.
- Penas alternativas ou progressão: converter a pena ou progredir para regimes menos gravosos.
- Nulidades processuais: apontar falhas no processo, como má interpretação das leis brasileiras acerca do trabalho do humorista, sem que de fato haja a intenção criminal.
Leo Lins diz que suas piadas salvaram vidas
O humorista Leo Lins se manifestou publicamente nessa quinta-feira (5/6) após ser condenado a mais de oito anos de prisão por falas consideradas discriminatórias contra minorias. Em uma live realizada em seu canal no YouTube, ele adotou um tom sério e disse que optou por analisar toda a sentença da juíza Barbara de Lima Iseppi antes de se pronunciar.
“Antes de me pronunciar, quis ler toda a sentença da juíza que condenou um humorista, no caso eu, a mais de oito anos de prisão e a uma multa de quase R$ 2 milhões. Esse vídeo não é de piada. É a pessoa Leonardo de Lima Borges Lins, não o comediante Leo Lins”, declarou. Segundo ele, o personagem humorístico que criou faz “piadas ácidas e críticas” e “sabe que nem todas as piadas são para todas as pessoas”.
“Condenação baseada na Wikipédia”
Na transmissão, Lins contestou os fundamentos da decisão judicial. Ele afirmou que a magistrada utilizou a Wikipédia como uma das referências na argumentação, o que, para ele, enfraquece a seriedade da sentença. “Sabe qual foi um dos embasamentos teóricos da juíza que me condenou a mais de 8 anos de cadeia? A Wikipédia. E isso não é uma piada”, disse.
Para sustentar seu posicionamento, citou o teórico Simon Quittley, que define o humor como uma construção textual baseada em hipérboles e ironia, que não deve ser interpretada de forma literal. Ele também comparou os avisos da Wikipédia, que alertam sobre a limitação da plataforma como fonte primária, aos alertas que coloca em seus shows, indicando que se trata de uma obra cômica e ficcional.
Mensagens de apoio de fãs
O comediante também se disse preocupado com os rumos do debate público e da interpretação judicial: “Estamos vivendo uma das maiores epidemias dos últimos tempos: a da cegueira racional. Os julgamentos são feitos puramente baseados em emoção”, opinou.
Lins fez ainda um apelo à classe artística para que se manifeste diante da sua condenação e reforçou que seu trabalho tem impacto positivo na vida de muitas pessoas. “Recebo muitas mensagens pessoais de pessoas que falam que superaram a depressão ou a perda de alguém. Um rapaz disse que testemunharia ao meu favor porque salvei a vida dele e mostraria a tatuagem num corte no pulso que fez em minha homenagem”, relatou.
Ao final da live, o humorista afirmou que espera não ser preso e declarou seu desejo de continuar fazendo stand-up: “A melhor piada do mundo sem alguém para rir não tem graça. Espero retribuir isso futuramente”.