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O Galeno está em mim, nessa madrugada insone, com aquele sorriso de moleque de rua que nem os meninos da minha rua de terra batida, finca, carretel, estilingues, bandeirolas e pipas soltas no ar. Galeno era de um Brasil perto do meu, tínhamos quase a mesma idade e quase a mesma origem – o Brasil periférico do Norte e Nordeste do final dos anos 1950. Da primeira vez que fui à casa-ateliê do Galeno em Brazlândia/DF, madeira pra todo lado, no chão, nas paredes, na oficina do seu Galeno pai, senti que tinha voltado pra dentro de mim mesma, pra alegria ensolarada, amadeirada e colorida de menina. Se não era a matéria própria da árvore, era a madeira transfigurada em tinta sobre tela. Leia também Artes Plásticas Morre o artista plástico Francisco Galeno, aos 68 anos Conceição Freitas Uma conversa entre Burle Marx, Clarice Lispector, Deus e a tristeza Conceição Freitas “É homem? É mulher”. Uma turba covarde e duas pessoas de coragem Conceição Freitas Como Drummond mudou para sempre a vida de duas poetas E quando soube que ele, ainda menino candango-piauiense-de-parnaíba, ia nas casas dos artesãos de Brazlândia vê-los esculpir e tintar os santos de pau de buriti, tive dentro de mim um sentimento de que a verdade interna do Galeno era construída de duas verdades – a do Piauí e a de Brasília. A dos artesãos do delta do rio Parnaíba e a dos artesãos do cerrado. E que o moderno podia ser verdadeiramente brasileiro. Galeno era um artista construtivista, me disseram, e eu nem sabia o que era isso. Depois me atentei que aqueles objetos de madeira eram obras de arte e ela era moderna como Brasília, geométrica como a nova capital e tinha cores fortes de quem não nasceu cinza-concreto-triste. Antes de ir pela primeira vez ao ateliê em Brazlândia/DF, na década de 1980, nunca tinha tido uma obra de arte na minha parede e nem tinha essa ambição. 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Galeno, um carretel juntou as pontas do Brasil, do antigo ao moderno

O artista Galeno está em mim, nessa madrugada insone, com aquele sorriso de moleque de rua que nem os meninos da minha rua de terra batida

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1 de 1 galeno-arquivo-pessoal - Foto: Arquivo pessoal/Reprodução

Quando a pessoa morre ela entra dentro da gente, de todos quantos ela encantou. O Galeno está em mim, nessa madrugada insone, com aquele sorriso de moleque de rua que nem os meninos da minha rua de terra batida, finca, carretel, estilingues, bandeirolas e pipas soltas no ar. Galeno era de um Brasil perto do meu, tínhamos quase a mesma idade e quase a mesma origem – o Brasil periférico do Norte e Nordeste do final dos anos 1950.

Da primeira vez que fui à casa-ateliê do Galeno em Brazlândia/DF, madeira pra todo lado, no chão, nas paredes, na oficina do seu Galeno pai, senti que tinha voltado pra dentro de mim mesma, pra alegria ensolarada, amadeirada e colorida de menina. Se não era a matéria própria da árvore, era a madeira transfigurada em tinta sobre tela.

E quando soube que ele, ainda menino candango-piauiense-de-parnaíba, ia nas casas dos artesãos de Brazlândia vê-los esculpir e tintar os santos de pau de buriti, tive dentro de mim um sentimento de que a verdade interna do Galeno era construída de duas verdades – a do Piauí e a de Brasília. A dos artesãos do delta do rio Parnaíba e a dos artesãos do cerrado. E que o moderno podia ser verdadeiramente brasileiro.

Galeno era um artista construtivista, me disseram, e eu nem sabia o que era isso. Depois me atentei que aqueles objetos de madeira eram obras de arte e ela era moderna como Brasília, geométrica como a nova capital e tinha cores fortes de quem não nasceu cinza-concreto-triste.

Antes de ir pela primeira vez ao ateliê em Brazlândia/DF, na década de 1980, nunca tinha tido uma obra de arte na minha parede e nem tinha essa ambição. Fui como repórter e voltei com uma gravura que dizia da minha história desde os tempos dos carrinhos de lata de sardinha e lamparina de lata de óleo até o novo tempo, o moderno. Minha parede ia ser moderna como moderno o Brasil quis ser quando construiu Brasília.

Puxando a linha do carretel, o Galeno atou as duas pontas: a do Brasil do lado de cima, quase sempre esquecido, ao Brasil que se misturou no centro geográfico do país pra nele ser moderno — em Brasília, a cidade que abriu o coração do Brasil para que nele muito de nós pudéssemos existir. O Galeno existiu e com ele nós existimos, meio rurais, meio urbanos, meio antigos, meio modernos, com um jeito brasileiro de nunca envelhecer.

Ainda não amanheceu, o Galeno morreu de morte solitária como afinal são todas as mortes. Ai de nós, os que seguimos vivos.

* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.

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