União e PP se juntam à oposição para travar alternativas ao IOF
Partidos somam quatro ministérios no governo Lula, mas anunciaram que são contra medidas esperadas na MP que visa arrecadar R$ 20 bi
atualizado
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Mesmo somando quatro ministérios na Esplanada, União Brasil e PP anunciaram, nesta quarta-feira (11/6), que serão contra todas as medidas colocadas na mesa pelo governo Lula como alternativa ao reajuste do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A Medida Provisória (MP) com o pacote arrecadatório, que inclui a taxação de fundos de investimentos hoje isentos, sequer foi enviada, mas tem ampla resistência no Congresso.
No mês ado, União Brasil e PP oficializaram uma federação, que na prática cria um superpartido do Centrão para 2026. Os presidentes das duas siglas, Antônio de Rueda e o senador Ciro Nogueira, respectivamente, foram ao Salão Verde da Câmara anunciar a posição contrária ao pacote que deve ser enviado pelo governo até esta quinta-feira (12/6). O anúncio foi adiantado pelo colunista Igor Gadelha, no Metrópoles.
“Ninguém ganha com um governo pesado. (…) Taxar, taxar e taxar não será a saída, é preciso cortar despesas. Nossa arrecadação supera a média do G7, se o governo não assumir sua parte e apresentar propostas de enxugar a máquina, não vamos aceitar aumento de impostos. Vamos reunir as bancadas do Senado e da Câmara para fechar questão contra qualquer aumento de imposto que não venha acompanhado de corte de despesas”, afirmou Antônio Rueda.
O presidente do PP, Ciro Nogueira, continuou: “Não é um anúncio contra o governo, mas a favor da sociedade brasileira. Não nos furtaremos de sentar com o governo, acho o ministro Haddad uma pessoa muito bem intencionada. Falta ao governo transparência, previsibilidade e competência para gerir neste momento em que o país se encontra. O que está acontecendo hoje, vamos traçar um limite de quem é contra ou a favor de aumentar impostos”.
Questionado sobre o impacto de um bloqueio no orçamento atingir também o Congresso, Ciro Nogueira alegou que é preciso um esforço conjunto: “É chegado um momento de os Três Poderes cortarem. Sim [aceitamos corte de emendas]”. Rueda completou: “Todo mundo terá que cortar na carne”.
O anúncio ainda contou com o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, um dos caciques do União Brasil. Nomes da oposição bolsonarista engordaram as fileiras dos insatisfeitos do Centrão, incluindo um senador do PL, Izalci Lucas (DF).
O Congresso abriu espaço para revisitar o debate sobre as desonerações fiscais — uma batalha antiga do Planalto. O governo também quer discutir a revisão de gastos, o aumento da taxação sobre bets e também a cobrança de 5% sobre letras de crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA). É esse último ponto que causa maior dissenso com o Congresso.
O governo busca alternativas porque precisa arrecadar cerca de R$ 20 bilhões neste ano para cumprir a meta fiscal. Os congressistas que rejeitam as alternativas propostas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmam que o Planalto precisa enxugar gastos da máquina pública para economizar e terminar o ano dentro das regras do arcabouço.