Trama golpista: começa interrogatório do ex-ministro Anderson Torres
Ex-ministro Anderson Torres negou fraude nas urnas eletrônicas e disse que houve “falha grave” no cumprimento de protocolo no 8/1
atualizado
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Após o depoimento do ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier Santos, o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, foi interrogado, na manhã desta terça-feira (10/6), no contexto da ação penal 2.668 que trata da suposta trama golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após as eleições de 2022.
Inicialmente, Torres disse ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que não identificou fraude nas urnas eletrônicas. “Nunca questionei a lizura do processo eleitoral”, afirmou o ex-secretário e ex-ministro, que prestou depoimento com tornozeleira eletrônica.
Ele também negou que a viagem aos Estados Unidos às vésperas do 8/1 tenha sido coincidência. “Eu viajei de certa forma tranquilo. Deixei tudo isso aqui para ser cumprido. O general Dutra me mostrou foto de dois meses atrás e o acampamento de hoje de manhã [6/1]. O acampamento de dois meses atrás era cheio, lotado. Naquele dia [6/1], não havia. Eu viajei tomando todas as providências que o secretário de Segurança tem que tomar. Deixei um protocolo onde tudo deveria ser cumprido”, destacou.
Torres alegou, ainda, que a responsabilidade pelo 8/1 era da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).
“Houve uma falha muito grave no cumprimento do protocolo. Esse PAI [Protocolo de Ações Integradas] é considerado gravoso, impacta muito na vida do brasiliense. Quando li esse protocolo, pensei: ‘Está de bom tamanho para as ações que a gente tem. Houve falha grave no cumprimento do protocolo’”, avaliou à época.
O ex-secretário acrescentou que, ao tomar conhecimento dos atos — enquanto estava nos Estados Unidos —, ligou para diversas autoridades pedindo uma atuação mais eficaz, inclusive para o então comandante-geral da PMDF, coronel Fábio Augusto, que estava na Esplanada. “Fiquei desesperado. Liguei para todo mundo. O protocolo teve uma falha grave no cumprimento”, reforçou.
O depoimento dele terminou por volta das 11h30.
Torres é um dos oito réus investigados por supostamente tramarem um golpe de Estado no Brasil. Ele pertence ao núcleo 1, também chamado de núcleo crucial, do caso, conforme denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Os réus foram divididos em grupos de acordo com a atuação de cada um deles. Até o momento, foram interrogados o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tentente-coronel Mauro Cid; o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ); e o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos.
Próximos réus no interrogatório
- Augusto Heleno, general do Exército e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional.
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República.
- Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa.
- Walter Souza Braga Netto, general do Exército ex-ministro da Casa Civil.
Todos os réus respondem pelos crimes de: organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado.
O caso é julgado na Primeira Turma do STF, que é composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Pela dinâmica definida, na hora de depor, o réu se levanta, senta no banco central, à frente dos ministros, e, quando terminar de falar, volta para o assento original.
Calendário dos próximos interrogatórios:
11/6 – das 8h às 10h
12/6 – das 9h às 13h
13/6 – das 9h às 20h